Manuel Simões
Quadra dedicada à Ribeira da Isna, em dia de cheia
Adeusibeira da Isna
Já perdeste tua fama
com uma soberba tirana
Desgraçaste muita gente
Até pontes e moinhos
Levastes à tua frente
Levastes fortes valentes
Paredes de grande altura
És uma fera destemida
Que a ti ninguém te segura
Por muita gente eras querida
Visitavam-te cavalheiros
Para te dar o valor
Mas isto foi um castigo
Mandado pelo senhor
Causa pena e mete horror
Ao vêr tanta desgraça
Ficou tudo cascadinho
Pela pontinha da safra
De muitos eras a praça
Onde colhiam o pão
Era um gegalo passear-te
lá nos dias de verão
Criavas o bom melão
E a melhor melancia
Tu tinhas mais regalia
Não falando nos peixinhos
E em noites de Primavera
Cantavam os passarinhos
A ricos e pobrezinhos
Fizeste igual tirana
Ó Isna tens um segredo
Que muita gente não sabia
Quando nasceu o dia
Acheia se ia passando
Muita gente já chorando
Lastimava a sua sorte
Principalmente os moleiros
Sofreram o grande golpe
Lá para os lados do Cipote
Onde a nuvem se rompeu
Água madeira e lenha
Toda a ribeira encheu
Muita gente padeceu
Daquela cheia valente
Por ela vir de repente
Pouco se pode salvar
Vei-nos Deus castigar
Tenham todos a certeza
Porque cheia igual a esta
Só há anos é que houve
Outra igual na Ocreza
As hortas de mais nobreza
Que se encontravam no limite
Pois ela trazia apetite
Para a barriga encher
Abria logo carreira
De mais nada queria saber
Vamos todos concorrer
Para uma subscrição
Porque muitos pais de familia
Ficaram sem o seu Pão
"Torradas novas torradas
A faca corta os limões
Para votar outra igual
Cá está o Manuel Simões,,
O Autor: Manuel Simões
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